Filho de Acelino Severo dos Santos e Odília Eliza da Conceição, além de neto de Mãe Eliza de Aiyrá, Severo D’Acelino, uma das maiores lideranças do Movimento Negro em Sergipe é, quem nomeiao troféu Severo D’Acelino da mostra que vem homenageando personalidades que contribuem para a história do Cinema Negro brasileiro, sendo ele o primeiro a recebê-lo, em 2016. Com biografia extensa e ainda crescente, Severo, em entrevista concedida à jornalista Anne Samara, diz ser como um trator. “Vou sempre abrindo estrada possibilitando que a passagem seja mais fácil para os que vem atrás”, assume bem humorado.
Esse papel está muito claro para Luciana Oliveira, produtora da Egbé. “Para que a gente estivesse aqui hoje, Severo abriu caminhos e nós somos muito gratos por ele e por todo o trabalho que ele faz para que possamos ter essa memória preservada”, afirma. No cinema, Severo protagonizou o personagem Galanga Gonguemba Iybiala Chana, conhecido por Chico Rei, além de atuar em produções como o filme “Espelho d’Água – Uma Viagem no Rio São Francisco”, no seriado “Tereza Baptista Cansada de Guerra” e na novela “Velho Chico”, em 2016, como o Capitão Etóle. Além de ator, Severo também produziu e dirigiu o documentário etnográfico “Filhos de Obá”, apresentado no Congresso Internacional de Culturas Negras das Américas, África e Caribe. Já como escritor, ele concluiu diversas monografias sobre a temática afroindígena, com ênfase na cultura popular e religiosa sergipana. Editou, também, o “Jornal IdentidadeS”, veículo de transformação e divulgação do conteúdo afro sergipano, publicando importantes contribuições dos nossos pesquisadores e intelectuais sobre a temática.
“Reconhecemos Severo como uma pessoa muito importante para a nossa história. Ele é quem está lançando livros sobre Sergipe, é através dele que estamos conhecendo personagens que não são reconhecidos nem falados, como João Mulugun, Negra Conceição e outras figuras que a gente não conhece, mas que foram tão importantes para o nosso Movimento Negro e para o nosso processo de pós abolição, de resistência, de existência. Acho que Severo é uma entidade para a gente, um guardião porque há muitos anos vem lutando para preservar nossa história, somos muito gratos pela existência dele e por todo o conhecimento que ele compartilha de forma tão generosa”, finaliza Luciana.