Compondo a curadoria da Mostra do Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil (Fianb), Luciana Olivera, diretora geral da Egbé Mostra de Cinema Negro, esteve em São Paulo para prestigiar, pessoalmente, o evento, realizado entre os dias 20 e 27 de novembro.
Luciana Oliveira considera que a experiência de dividir essa missão com o crítico e realizador Algrin David foi muito enriquecedora e provocativa. “Pudemos discutir, em nosso processo curatorial, algumas categorias importantes como territorialidade e memória no cenário do cinema negro brasileiro”, destaca.
Durante o processo de curadoria, a proposta de descentralizar o olhar do eixo Rio-SP sobre as produções foi uma das propostas dos curadores, além de levar em consideração o tema do festival este ano, que foi Memória e Futuridades.
Luciana Oliveira acredita ser importante sua circulação em diversos eventos do audiovisual negro brasileiro. “Esse deslocamento me permite estabelecer trocas de experiências entre as mostras e festivais Brasil afora. Penso, também, que esses trânsitos são importantes para fortalecer laços entre esses espaços-quilombos”, complementa.
Com o afeto sempre presente, Luciana confessa que os episódios mais marcantes dessa temporada foram os encontros e reencontros com os amigos de profissão e as longas conversas de troca de experiências. “Refletimos sobre o cenário atual do nosso cinema e as possibilidades de futuras parcerias”.
Luciana comenta, ainda, que outro momento marcante de sua participação no Fianb foi o encontro com Raoni Garcia, filho do fotógrafo Januário Garcia, referência da fotografia negra, tendo registrado parte da história do Movimento Negro no Rio de Janeiro, além de capas de discos de artistas como Gal Costa, Chico Buarque e Raimundo Sodré. “Ele esteve na sessão em que exibimos ‘Tributo à Januário Garcia’, sendo essa a primeira vez que Raoni assistiu ao filme”, complementa, trazendo uma famosa citação do fotógrafo que se preocupou em registrar esse recorte tão importante da nossa história: “Existe uma história do negro sem o Brasil. O que não existe é uma história do Brasil sem o negro”.
Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul
Entre os dias 19 e 24 de outubro ocorreu, no Rio de Janeiro, o 15º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe e outras diásporas, umas das principais janelas do Cinema Negro no Brasil. Como convidada, Luciana Oliveira, teve a oportunidade de mediar a mesa “Mulheres Negras no Audiovisual”, e de participar de uma segunda mesa para apresentar um panorama da história da Egbé, e o que a mostra se propõe a fazer no cenário cinematográfico nordestino e brasileiro.